quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Militantes da UNITA feridos em Benguela

Oito militantes da UNITA foram gravemente feridos na sequência dum ataque ocorrido na província de Benguela protagonizado, supostamente, por indivíduos afectos ao MPLA.

O secretário provincial da UNITA, Vitorino Nhany, disse que o incidente ocorreu este fim de semana quando uma delegação da UNITA composta por deputados e altos dirigentes do seu partido se deslocava para a comuna da Macamombolo, município do Balombo, e foi surpreendida por um grupo de indivíduos afectos ao partido no poder que arremessaram pedras contra as viaturas que apoiava a referida comissão.

O dirigente partidário acusou o comandante municipal da Policia e da Defesa Civil do Balombo, bem como o administrador daquele município, que por sinal é primeiro secretario do MPLA, de serem os autores morais do acto.

Nhany não descarta a hipótese dos observadores do seu partido não acompanharem as eleições naquela área por não haver garantias de segurança, o que poderá indiciar fraude eleitoral.

«Neste momento que nós não hasteamos a nossa bandeira interrogamo-nos: como é que nós vamos acompanhar a fiscalização do processo eleitoral ? Não aconteceram situações de termos eleições aleivosas naquela área com o engravidamento de urnas ?»

O secretário da UNITA lembrou ainda que na comuna de Macamombolo, recentemente, foram incendiadas sete residências de militantes do seu partido, uma acção que, segundo o político, foi praticada por um activista do partido no poder em Angola, sem que as autoridades tomassem medidas.

Entretanto, o comando provincial da Polícia confirmou a ocorrência deste fim de semana, mas diz tratar-se dum motim levantado pela população, descartando a hipótese de haver motivações políticas.

Por seu turno, Katila Pinto de Andrade responsável pelo projecto de Direitos Humanos e Democracia da Fundação Open Society-Angola (FOSA) disse que a protecção dos direitos humanos durante as eleições estimula a confiança pública no sistema por parte dos actores políticos e da população eleitora.

Segundo esta responsável, a intolerância política que se regista em algumas áreas do país impõe uma reflexão profunda e a tomada de medidas enérgicas da parte das autoridades angolanas por ser um dos factores que cria instabilidade política e social durante e após as eleições.

«Se não se tomarem mediadas urgentes e enérgicas para se por cobro a este tipo de situações é claro que corre sempre aquele risco de as coisas não correrem muito bem e , de se criarem certas tensões , certos conflitos.»

Para Katila Pinto de Andrade, actualmente a situação está controlada, mas inspira alguns cuidados e cabe também aos líderes de partidos políticos incentivarem os militantes do seus partidos a respeitarem o código de conduta eleitoral como mecanismo de prevenção de conflitos.

A Open Society em parceria com a ONG local Acção Angolana para o Melhoramento e Apoio ao Meio Rural(AMMAR) realizou, recentemente, em Benguela, uma conferência sobre eleições, lideranças e participação popular, onde foi feito o resumo do primeiro relatório em Angola sobre intolerância política e eleições angolanas de 2008 que a Open Society deverá publicar brevemente.

Durante o evento ficou claro que a ausência de mecanismos eficazes de fiscalização por parte da Procuradoria-Geral da República para o controlo género da legalidade tem afectado os direitos civis e políticos em período pré-elitoral em Angola.

Enquanto isso, a Chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (MOE UE), Luisa Morgantini deixou ontem a província de Benguela depois dum périplo que a levou também ao Huambo onde realizou encontros com governantes , partidos políticos e grupos da sociedade civil, a fim de se informar sobre as preparações eleitorais nas duas províncias.

Fonte:
http://www.multipress.info/
Imagem:
http://altohama.blogspot.com/

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